“Hoje, o mundo inteiro está vendo incêndios e inundações, e isso demonstra que temos que dar prioridade para as mudanças climáticas.” É com este alerta que Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China, começa a entrevista com a Globo Rural.
Ele fala da prioridade chinesa à “conservação ecológica do planeta” e, para isso, conta com a transparência das cadeias produtivas, principalmente de quem abastece o país oriental, como o Brasil.
“Logicamente, a China, como campeã de ecologia mundial, vai preferir comprar grãos e carnes que possam ser rastreados e que não tenham nada a ver com as queimadas. Mas, ao contrário de Estados Unidos e da Europa, não vai se envolver nos assuntos internos [do Brasil]”, disse.
Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista:
Globo Rural – A China se comprometeu a ser carbono zero até 2060, como foi falado na Cúpula do Clima. O que o Brasil tem a ver com isso?
Charles Tang – Hoje, o mundo inteiro está vendo incêndios e inundações, e isso demonstra que temos que dar prioridade para as mudanças climáticas. Clima virou prioridade, tanto para Xi Jinping [presidente da China] quanto Joe Biden [presidente dos Estados Unidos]. A China vai ser zero emissão de carbono até 2060, já está avançando nisso, e a preocupação inclui os acordos comerciais. A China prefere comprar de quem tiver rastreabilidade e que defende ecologia.
GR – Pela perspectiva chinesa, o Brasil já está neste nível de transparência ou ainda precisa melhorar?
Tang – A China opta pela não interferência em assuntos internos de nenhum país. Logicamente, a China, como campeã de ecologia mundial, vai preferir comprar grãos e carnes que possam ser rastreados e que não tenham nada a ver com as queimadas. Mas, ao contrário de Estados Unidos e da Europa, não vai se envolver nos assuntos internos [do Brasil] Nesse momento, a China pode reduzir as compras, mas não tem condições de deixar de comprar do Brasil, principalmente com essa guerra comercial entre China e Austrália.
GR – Mas existe um risco concreto de diminuição das importações?
Tang – Na Austrália, a China está descredenciando muita coisa. Taxou a cevada australiana em mais ou menos 80%, o vinho tem 220% de taxação, recentemente 50 navios australianos atracados próximo à China não puderam descarregar. E a China tem investido bastante na África como alternativa. O meu medo maior é que, se os brasileiros não patriotas continuarem atacando os próprios interesses, ofendendo a China… Não quero que o Brasil seja a Austrália.
GR – Alguns países colocaram metas para 2040 e 2050, e a China foi criticada por manter o prazo de descarbonização para 2060. Não é possível ser mais audacioso?
Tang – Isso já é audacioso. Estamos falando de uma das maiores potências do mundo não ter mais emissões dentro de 40 anos. O mercado de carbono foi inaugurado na China recentemente e isso vai ajudar. É uma bolsa formal de compra e venda de crédito de carbono, começou em Xangai. O país acabou com toda a mineração, por causa do autoconsumo de carvão que estava sendo utilizado.
GR – Com a proximidade da COP-26, que visa discutir este mercado de carbono mundial, a China já vislumbra a compra do carbono ‘brasileiro’?
Tang – Eu acredito que vá passar a comprar, mas no momento [este mercado] é muito novo. Eu acho que o Brasil, mesmo com as queimadas, continua sendo um dos países que têm menos emissão de carbono no mundo, com energia limpa, mobilidade muito a etanol. Não é como na China, onde ainda a maior parte é de carvão. O país está desenvolvendo usinas nucleares sem urânio, que não tem perigo de explodir e causar o que aconteceu em Fukushima ou Xernobil. Além de liderar energia eólica e solar, esse novo desenvolvimento de usina nuclear vai ajudar muito a China a ficar com zero emissão. Acho que a China é muito ambiciosa de ser zero até 2060. Vai ser cumprido, está em andamento.
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